segunda-feira, fevereiro 09, 2009

DIRETO DAQUI DE ALHPAVILLE: CRISE- FÁBRICA DA ZOOMP FECHADA!




OUTRO SUSTO- agora, EM NOSSO MEIO EMPRESARIAL: com muito lamento, informo que, ontem, a justiça de Barueri, grande São Paulo, lacrou a fábrica da Zoomp aqui em Alphaville. Para nós, isto é um fato estarrecedor. Estamos desolados com a situação crítica que desfavorece o andamento da empresa. Ainda que minha visão seja oposta, com correntes de pensamentos distintas, observo que "as cores do nacionalismo, outrora tão vivas, não estão desbotando somente no setor petrolífero, mas em quase todos os setores”.

Tanto cogitou-se acerca da quebra do monopólio, determinado pela Lei do Petróleo, em 06 de agosto de 1997, à propósito estamos vivendo “tal quebra” em outros seguimentos empresariais, alguns até mesmo se internacionalizando em virtude de estarem praticamente quebrados.
Um oficial de justiça veio cumprir um mandado hoje, aqui na Av. Tucunaré, 222, em Alphaville. Segundo uma funcionária da fábrica, ele concedeu o prazo de uma hora para que todos os funcionários deixassem o prédio, que seria lacrado naquele instante.



Muito abatido na útlima participação da SPFW, em junho de 2008, Renatinho, muito sensível, mencionara sobre seu filho de 8 anos de idade_ mais novo que seus netos.

Segundo informações diretas e fontes de reportagens, “A Zoomp passa por uma grave crise financeira, que foi agravada com a venda da marca para o grupo Holding I'M, em julho de 2006, em meio a promessas de injeção de meio bilhão de dólares e formação de um novo conglomerado, com grifes como Alexandre Herchcovitch e Fause Haten - ambas já se desligaram do grupo, diga-se de passagem, excelente decisão... antes cedo do que nunca, ao passo de ter ocorrido o pior!

Em entrevista para a revista "Veja" em novembro passado, o estilista Renato Kherlakian, criador da Zoomp, afirmava:

"A marca, como era antes, morreu. O número de funcionários caiu de 800, em 2006, para cerca de 100. Avalio que tenha perdido 70% em faturamento e 98% em prestígio. Eu apostei errado. Vendi a Zoomp porque ela estava altamente endividada e queria encontrar uma forma de eternizá-la".

Com o aumento das dívidas sob gestão da nova holding, a Zoomp deixou o calendário de desfiles do Sâo Paulo Fashion Week, após a temporada Inverno 2008, e deu início ao fechamento de lojas em pontos importantes, como os shoppings Iguatemi e Morumbi, em São Paulo, e BH, na capital mineira. Não há previsão para retomada das atividades na fábrica, de acordo com as informações passadas aos funcionários”.





TRAJETÓRIA:

Renato Kherlakian é descendente de armênios e seu histórico familiar me faz lembrar inúmeros fatos incomuns, com valores tradicionais que prezo muito em minha vida. Seus bisavós e avós chegaram ao Brasil sem absolutamente nada. Já seus pais eram donos de uma grande loja de caxemira no centro de São Paulo (camisaria) e prosperaram muito aqui na cidade. Renato nasceu m meio desse privilegio e pode crescer e acompanhar a carreira de comerciante dos seus pais. Assim, fez jus à tradição familiar!

A confecção e o comércio de vestuário com o nobre tecido oriental era uma atividade antiga da família_ mesmo sem dinheiro nenhum no Brasil, trazida da Armênia e resgatada por aqui. Os antepassados dos Kherlakian, isto é, aqueles ascendentes de grações muito distantes, haviam se enriquecido com a caxemira, chegando a ter um entreposto no Reino Unido, de onde a distribuíam os produtos para a Europa.

Para quem não sabe, Renatinho quis sair do meio do comércio e, assim, tentou outras profissões, trabalhando com publicidade, turismo e, coincidentemente, se formou em Direito_ porém não teve o privilégio de exercer essa maravilhosa carreira concomitantemente aos seus negócios. Mas o fato é que nada disto lhe satisfez! Mesmo sem formação específica, virou criador/estilista por pura convicção. Haja vista desde menino já saber montar, cortar e modelar uma peça de roupa, por crescer e trabalhar em tempo integral na camisaria do pai. Seu dom é uma proeza!

Em suas próprias palavras, “o raio amarelo” foi a própria energia que lhe inspirou no mundo da moda. Entretanto, a Zoomp nasceu em 1974, quando Renato tinha apenas 24 anos de idade. Os primeiros jeans que fabricou eram anatômicos, com design moderno para a época e dotados de um pequeno raio amarelo. As peças caíram nas graças da cultura de estilo hippie. Para o empresário, as calças significaram a continuidade de um negócio familiar promissor_ peça marco e fundamental da grife.

Com 30 anos de atividade, vendeu em lojas próprias, franquias e exportou em grandes quantidades para vários países. Um showroom em Paris cuida de todo o comércio internacional mas, agora, não poderemos precisar seu destino. A Zoomp participava da São Paulo Fashion Week desde a primeira edição do evento, quando se chamava Morumbi Fashion_ meu sonho de infância, que perdurou até 1996, quando conheci e participei do evento_ e, na mesma época, já se sucedera a SPFW.


No último SPFW em que participou, para a coleção inverno 2009, no mês de junho do ano passado, ele estava muito desanimado, com semblante triste por não poder assegurar nada sobre o futuro da empresa. Renatinho teve outros momentos muito difíceis em sua vida, tanto pessoal como profissional. Todavia, este momento dói em seus seguidores, sobretudo em quem já nasceu acompanhando seu trabalho_ minha inspiração desde a infância_ , de modo que é compartilhado conosco, no silêncio da maior referência de marca e da maior história de franquias do país.

Entenda o que chamo de “quebra do monopólio” na indústria da moda, bem como a “internacionalização” das grifes:

A nova empresa, até então recentemente constituída, de nome holding I'M (Identidade Moda), que passou a controlar seis prestigiosas grifes brasileiras que estavam à perigo de fechar as portas, havia tornado um dos grupos mais fortes da moda no país. Foi audaciosa ao prometer investir, no ano de 2008, cerca de R$ 14 milhões na abertura de novas lojas e R$ 22 milhões no marketing das marcas.

Controlada pela empresa brasileira HLDC Investimentos, dos sócios Enzo Monzani e Conrado Will, a holding havia comprado a Zoomp, Zapping, Alexandre; Herchcovitch, Herchcovitch Jeans, Fause Haten e Cúmplice, além de ter adquirido o controle da rede de lojas de luxo Clube Chocolate.
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A I'M planejava ainda comprar novas marcas nos próximos meses, contemplando diferentes estilos de roupas. "A idéia é criar um portfólio de marcas com muita identidade, que não concorram entre si e sejam complementares", disse Vicente Mello na época, então presidente da I'M.
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Segundo ele, os novos alvos seriam marcas de roupas esportivas (active wear), de roupas casuais, de acessórios (como bolsas e calçados), de lifestyle urbano e outras grifes autorais, como Herchcovitch; Alexandre H. e Fause Haten.
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A compra da Cúmplice, marca até agora menos conhecida no meio da moda_ o que a torna mais exclusiva, atendia, para a holding, a necessidade de ter uma marca que cubriria a faixa de negócios relacionada ao fast fashion isto é, de roupas menos caras e com trocas de coleções mais freqüentes.
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A internacionalização das grifes era um dos objetivos centrais da empresa. "O Brasil já reúne as condições para ser um grande exportador de marcas", afirmava Mello. Disto nós sabemos_ em virtude de ter sido uma de nossas primeiras experiências neste setor_, tanto que as tradings não trabalham apenas com grandes exportaçõs. O foco do Grupo Guarará Jardins, desde o início, foi a internacionalização, na junção que o tornou um grupo. Em todos os seguimentos, existem meios de exportar, onde as pequenas empresas participam efetivamente do negócio_ desde que consigam atender a procura do mercado internacional, pois, do contrário, perderá o cliente estrangeiro, sem sombra de dúvidas! Porém, o projeto de internacionalização da I'M era muito grande e ambicioso, fazendo uma junção de muitas empresas de moda que objetivavam as vendas no exterior, e assim deveria incluir a volta do estilista Fause Haten à semana de moda de Milão --Herchcovitch já desfilava em Nova York.
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A primeira aquisição do grupo HLDC foi a Zoomp, em 2006. Mello afirmava que empresa havia crescido 38% desde a compra. Só desta grife seriam abertas oito novas lojas em 2008. A Zapping, adquirida na mesma época, também ganharia uma loja no bairro dos Jardins, neste semestre. A grife Fause Haten deveria inaugurar três novos endereços.
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A partir daquele momento, os licenciamentos relacionados à moda da Fause Haten e das marcas do estilista Alexandre Herchcovitch passariam a ser controlados pela holding. Os dois designers, porém, teriam autonomia para fazer licenciamentos em outras áreas que não a da moda --como, por exemplo, o de objetos para casa que Herchcovitch assina na Tok&Stok. Neste caso, a I'M não participará do negócio, por ser negócios exclusivos em nome dos estilistas propriamente ditos.
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"Vamos estruturar a indústria de moda no país. O Brasil só tem a ganhar com isso", dizia Mello. "Daqui há dois anos, o cenário da moda será muito diferente do de hoje." Ele previa que, em breve, haveria shoppings que teriam até seis lojas do grupo, com as diferentes grifes da I'M. Com um amplo portfólio de marcas, ALÉM DA COMPRA DE DA EMPRESA DE CELULARES BENQ, ele esperaria ganhar competitividade na negociação com fornecedores de matéria-prima e ampliar a venda de todas elas para o atacado, ao reuni-las num só showroom, que seria instalado nos Jardins.
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*****Quantas coisas das quais não vimos... Quanta promessa absurda e desonrosa...
Vocês imaginam qual foi o fim desta história??? Tão-logo, na próxima matéria, postarei o destino terrível do Grupo I'M diante de suas "boas intensões", bem como a destituição de seus donos da gestão_ feita pelos credores_ , conforme elencado em nosso ordenamento jurídico comercial.

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